Eu sou viciado em música! E resolvi a partir de agora, falar sobre bandas que marcaram minha vida de alguma forma. Então, uma vez por semana tentarei publicar “A Melhor Banda De Todos Os Tempos Da Última Semana“. O nome é bem sugestivo e vem da música de uma das bandas que provavelmente um dia irei falar por aqui, os “Titãs“. Pra iniciar essa série, escolhi uma das bandas que marcara, o fim de minha infância / começo de adolescência, e claro deixou seu nome na história da música brasileira: Os Mamonas Assassinas!
Falar de Mamonas, a princípio, é mais do mesmo. Vários especiais já foram feitos desde a morte de todos os integrantes em 02 de Março de 1996! Muitos especiais de muito bom-tom, como uma verdadeira homenagem e muitos outros como simples forma de aumentar a audiência, explorando a dor da família e fãs.
Se você quiser saber sobre a trajetória da banda, desde quando Dinho subiu no palco pela primeira vez, até o estouro das músicas escrachadas, aconselho a assistir o documentário “Mamonas Pra Sempre” (tem lá na Netflix, e acho que tá na hora de começar a cobrar a propaganda). A única coisa que gostaria de comentar sobre a história da banda é que foram realmente perseverantes! O nome “Utopia” realmente foi muito apropriado antes de mudarem para o nome com o qual iriam balançar o Brasil. A conhecida história de desabafo do Dinho em um show de Guarulhos é realmente emocionante, algo que vale a pena ser visto (está no vídeo de introdução deste artigo).
O que eu gostaria de falar realmente é como essa banda de letras escrachadas, conseguiu atingir pessoas de todas as idades e classes. Eu tinha 12 anos quando os ouvi pela primeira vez! E como todo pré-adolescente na época, pirei! Cantar “Roda, roda e vira, solta a roda e vem. Me passaram a mão na bunda e ainda não comi ninguém” ou “Comer tatu é bom, que pena que dá dor nas costas“, era uma libertação! Afinal, isso era o mais próximo do que estava e entendia de sexo! Pessoas mais novas que eu cantava isso, e em sua grande maioria, com certeza nem imaginavam o que a letra estava dizendo realmente!
Mas a “magia” dos Mamonas Assassinas não parava por aí! De repente eu via minha mãe, aquela mulher séria, criada boa parte de sua infância na roça do triângulo “das Minas Gerais”, rindo e cantando as mesmas músicas! Me lembro até hoje do especial de Natal da Globo, quando minha mãe disse estar “esperando os Mamonas Assassinas para poder ir dormir“! Cara, minha mãe só fazia isso por “Zezé di Camargo & Luciano“, “Chitãozinho & Xororó” e por aí vai. Entende a disparidade da coisa? Era DISSO que os Mamonas eram capazes!
Ou então ver meu pai, policial civil, criado ao som de “moda de viola”, ouvir “Minha pistola é de plástico, em formato cilíndrico. Sempre me chamam de cínico, mas o porquê eu não sei” e se matar de rir (sim, eu mesmo fiz um trocadilho com a profissão dele, antes que vocês o fizessem)!
Entendem o que digo? Mamonas Assassinas me proporcionou momentos únicos, que nenhuma outra banda foi capaz de o fazer! Momentos que estarão guardados pra sempre em minha memória! E cada vez que ouço qualquer música destes caras fantásticos, por um segundo volto no tempo!
Por muitas vezes, já debati com algumas pessoas, como seria se eles estivessem por aqui ainda? Ou como parece que a sua trajetória estava “escrita”, e tudo deveria ter sido como foi. Pra isso nunca teremos respostas, apenas conjecturas (eu sempre quis usar essa palavra). Como Gandalf já dizia: “Tudo o que temos de decidir é o que fazer com o tempo que nos é dado“. E Deus, como esses caras souberam utilizar o seu tempo!
Uma coisa que sempre me chamou atenção foi em como eles conseguiam passar uma “sensação boa”. Não era somente por causa das letras e melodias descontraídas, mas sim pelas pessoas. Dinho e Bento principalmente, eram os mais queridos por mim. Até hoje quando assisto a imagens e vejo o jeito de falar de Dinho e o seu sorriso, tenho certeza que era um cara iluminado!
E é desta forma que sempre quero lembrar dos Mamonas. Até hoje não consigo entender pessoas que gostam de ver fotos de acidentes. Na época, eu fugi disso de todas as maneiras. E hoje quando estava pesquisando fotos e vídeos para o artigo, pude observar algumas destas imagens nos thumbnails do Google, uma repulsa me tomou a alma.
Pessoas que gostam deste tipo de coisa, para mim estão no mesmo nível de Marco Feliciano, que se diz cristão e disse a asneira de que eles “faleceram porque Deus quis, “tentaram colocar palavras torpes na boca das nossas crianças”. Como dizer isso de uma banda que só trouxe alegrias a uma população tão sofrida? Pois bem senhor Feliciano, eis aqui uma criança que ouviu bem as palavras torpes deste pessoal, e talvez graças a isso também, é um adulto que hoje repudia os seus preconceitos imbecis.
Na sua curta turnê de 7 meses os Mamonas passaram pela cidade de Araraquara, cidade onde eu residia. Na época rolou uma história de que a “mãe Diná” (o que virou dela hein?), disse que o “Gigantão” (estádio coberto onde o show seria realizado) iria cair na apresentação. Realmente, pelo que fiquei sabendo, eles botaram aquele lugar abaixo! Enfim, a gente devia aprender a falar menos bobagens e fazer os outros sorrirem mais.
Se você não teve a maravilhosa chance de viver ou se lembrar de junho de 1995 a março de 1996, aqui vai a lista das músicas que mais gosto (apesar que o CD inteiro é bom demais): Vira-vira / Chopis Centis / Pelados em Santos / Mundo Animal / Jumento Celestino / RoboCop Gay / 1406 / Sábado de Sol /Uma Arlinda Mulher e Lá Vem o Alemão.
Até escrever este artigo, eu não sabia o quanto eles significaram pra mim. Deixo vocês com sábias palavras de Dinho:
“É possível sim! É possível cada um de vocês que estão presentes aqui hoje, é possível realizar o sonho de vocês sim! Vocês são capazes! Acredite em você! Você pode cara! Se você não acreditar em você, ninguém vai acreditar! Luta pelo seu sonho! Nesse ano, luta por você e você vai chegar onde você quer!“
