Animais Fantásticos Os Crimes de Grindelwald vai explodir sua cabeça

Foram dois longos anos de espera para que o segundo filme da franquia de Animais Fantástico chegasse às telas dos cinemas, e tive o imenso prazer de ir à cabine de imprensa do filme.

Em Os Crimes de Grindelwald, começamos do ponto onde terminamos o primeiro: o bruxo havia sido preso pela Macusa com a ajuda de Newt Scamander e Tina Goldstein. Credence havia sido dado como morto após a luta épica no final – mas quem prestou bem atenção naquela cena percebeu que não seria a última vez que veríamos aquele bruxo em particular.

Os primeiros dez minutos de filme são uma loucura; tem uma magnífica cena de perseguição, mortes e um pequeno plot twist bem encaixado. A cena propõe mostrar ao público o quão poderoso e impetuoso Gellert Grindelwald pretende ser.

Não demoramos a ver Newt Scamander, doando toda a sua atenção e cuidados aos seus animais fantásticos . E aqui, as criaturas têm um papel mais ‘útil’ na trama, visto que elas estão ali agora para realmente ajudá-lo em algumas missões, em vez de ter apenas o papel de deslumbrar o público, como foi no caso do primeiro filme da franquia.

Velhos personagens voltam a aparecer, porém com toques mais distintos: Jacob ainda é o alívio cômico, mas está claramente mais maduro, e seu relacionamento com Queenie não está passando por um bom momento devido a proibição do casamento entre bruxos e não-mágicos, o que é um gigantesco ponto a ser considerado quando falamos de desenvolvimento de personagem, principalmente quando falamos da Queenie. Sua irmã Tina, e interesse romântico de Newt, também está de volta, mas mais austera e mais envolvida com a própria carreira de auror. Pessoalmente, eu gostaria de ter visto mais sobre o relacionamento dos dois, mas claramente isso não foi possível, devido a enorme quantidade de personagens apresentados (o que acaba virando problema do longa).

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Temos ainda o jovem Dumbledore, que aparece como professor de Defesa Contra as Artes das Trevas nos seus trinta e poucos anos de idade, agindo também como uma espécie de mentor para Newt quando o assunto é enfrentar Grindelwald. Um dos mistérios apresentados é o porquê do jovem bruxo não poder combatê-lo pessoalmente.

Ainda somos apresentados a um antigo interesse romântico de Newt: Leta Lestrange, e seu irmão, Teseu Scamander. Ambos têm um papel na trama, claro, mas senti falta de aprofundamento, nem tanto da parte de Leta – que ainda tem uma história bem sombria por trás, mas Teseu me pareceu mais uma peça solta no meio de tantas histórias.

Não posso deixar de dar o destaque a atuação do Jhonny Depp, porque – eu admito – quando o vejo em um filme, fico esperando ver algum tique que me faça enxergar o Capitão Jack Sparrow. Mas isso não aconteceu.

Gellert Grindelwald se mostra um bruxo extremamente poderoso, mas com um carisma que Voldemort não chega a ter, pelo menos nas telonas.

Seus discursos são passivo agressivos e atingem de forma certeira o ponto fraco de qualquer personagem mais vulnerável na história. Eu, como audiência, quase me senti compelida a acreditar nele. O roteiro deixa o vilão extremamente convincente e justifica suas causas de maneira inteligente, fazendo com que você entenda, mas não necessariamente concorde, com seus motivos, o que o deixa mais assustador ainda.

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Credence e Nagini são dois personagens que aparecem em uma aventura paralela à trama, com uma amizade bonita criada pelo trauma que os dois passaram. O jovem bruxo, hospedeiro de um obscurial, tenta descobrir quem é sua família verdadeira e conta com sua mais nova amiga para apoiá-lo. Mas nem de longe Nagini fez tanta diferença quanto eu achei que faria. Ela quase sumiu ao lado de Credence, na verdade.

No aspecto visual, Animais Fantásticos – Os Crimes de Grindelwald não deixa a desejar. É tudo muito lindo e a paleta de cores usada foi sensacional na maioria das cenas. O IMAX e 3D me agradaram bastante.

O ponto de vista no qual a história é apresentada também é interessante. Eu, como uma grande fã da série de Harry Potter, enxerguei uma grande diferença entre ambas as franquias.

Em Harry Potter, acompanhamos tudo por um ponto de vista único. A narrativa se foca no Harry e o que acontece a volta dele. Já Animais Fantásticos é muito mais dinâmico, pois acompanhamos tudo de um ponto de vista mais maduro dos adultos que estão sempre muito perto do perigo, e estão em cargos extremamente importantes no mundo da magia (vide Dumbledore, Pickery, Teseu e Tina).

É difícil dizer que Newt é o protagonista neste filme. Ele simplesmente parece estar inserido em uma situação da qual ele não tem escapatória, e o narrador é mais onipresente. Por um lado, isso é muito interessante, por outro, pode ser bem problemático também. Note que eu levei 5 parágrafos para falar de todos os personagens que são, de certa forma, centrais para a trama.

Como tudo se interliga neste filme, temos muitos personagens e muitas histórias, todas agindo ao mesmo tempo. Isso acaba jogando uma bagagem de informação demasiadamente grande para que o público entenda de uma vez.

Alguns personagens ficaram no escanteio, como Naguini, Tina, Teseu e, até mesmo Leta Lestrange. Senti que o filme quis entregar uma história muito amarrada e acabou deixando várias pontas soltas e alguns personagens acabaram ficando sem muita importância. Animais Fantásticos – Os Crimes de Grindelwald entrega muitas tramas de uma vez só (como se os livros de cinco a seis da série Harry Potter tivessem sido espremidos em um filme), me deixando confusa às vezes.

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Apesar disso, o longa é um filme extremamente divertido, cheio de fan service e que deslumbra sem fazer muito esforço. Newt continua conquistando com seu jeito tímido, sua lealdade e bondade. É impossível não se apegar a ele e ao seu modo de ver a vida, algo que o próprio Dumbledore admira nele.

Apesar de tantas histórias paralelas, não é difícil apontar qual é a trama principal da história (que, aliás, é indicada muito claramente no primeiro filme). E o final, meus amigos, provavelmente vai explodir a sua cabeça, e você vai ficar de boca aberta, franzindo a testa e se perguntando se entendeu direito.

Apesar dos problemas, Animais Fantásticos Os Crimes de Grindelwald vale muito à pena pela nostalgia, pelo visual e pela diversão.

 

Nerd: Beatriz Napoli

Devoradora de livros, publicitária apaixonada, tem dois pés esquerdos e furtividade 0 para assaltar a geladeira de madrugada. Se apaixona por personagens fictícios com muita facilidade, mas não tem dinheiro para pagar o psiquiatra que obviamente precisa.

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