Awesome Mix – Bruce Springsteen & The E-Street Band (Década de 70)

 

Olá pessoal, tudo bem? Gravando o nCoisas com o Carlos umas semanas atrás eu comentei que era uma tarefa impossível fazer uma Awesome Mix do Bruce Springsteen dado o número absurdo de clássicos da carreira dele, mas que talvez desse pra fazer uma lista por década, formando 5 listas. Bom, resolvi mesmo fazer isso. Comecemos pelo começo então, a década de 70, provavelmente o período de tempo com os trabalhos mais importantes dele. Vamos ver as melhores músicas dele nos anos 70 em ordem cronológica..

 

Bruce_post

 

Rosalita (Come Out Tonight)

Álbum: The Wild, the Innocent & the E Street Shuffle

Ano de lançamento: 1973

The Boss havia lançado um álbum maravilhoso no começo de 73, Greatings from Asbury Park, N.J. e no final deste mesmo ano emendou seu segundo trabalho, o ainda mais ambicioso The Wild, the Innocent & the E Street Shuffle. A verdade é que nenhum dos dois discos fez sucesso, mas são lotados de canções brilhantes e a mais brilhante de todas elas é esse rock energético. Rosalita, que depois virou parte essencial dos shows da E-Street Band, fala sobre uma paixão muito adolescente pela moça do título e as aventuras do eu-lírico, um músico em busca do sucesso, pra tentar conquistar seu coração e a confiança de seu pai desconfiado. Uma música deliciosa.

 

“Oh, so your daddy says he knows that I don’t have any money
Well, tell him this is his last chance to get his daughter in a fine romance
Because a record company, Rosie, just gave me a big advance”

 

“Ó, então seu papai diz que ele sabe que eu não tenho nenhum dinheiro
Bem, diga a ele que esta é a última chance de ter a filha dele num romance legal
Porque uma gravadora, Rosie, acabou de me dar um grande adiantamento”

 

 

Thunder Road

Álbum: Born to Run

Ano de lançamento: 1975

Foi dois anos depois, em 1975, que Bruce lançou o álbum que o faria ao mesmo tempo um sucesso e uma lenda. O disco é cheio de clássicos imortais, mas como só temos cinco vagas nessa lista eu coloquei as duas canções mais importantes do álbum, provavelmente as mais importantes de toda a sua carreira. A primeira delas é Thunder Road, a música que abre o disco. A partir deste álbum o som da E-Street Band chega no mais próximo possível da wall of sound de Phill Spector e as letras de Springsteen ficam mais complexas e dramáticas. Em Thunder Road temos uma voz desesperada que retrata um, entre muitos, americanos médios, habitante de uma cidadezinha e que quer sair de lá e vencer na vida. É a partir daqui que Bruce se torna a voz do americano comum e ganha a sua absurda importância histórica.

 

“The screen door slams, Mary’s dress waves
Like a vision she dances across the porch as the radio plays
Roy Orbison singing for the lonely
Hey, that’s me and I want you only
Don’t turn me home again, I just can’t face myself alone again
Don’t run back inside, darling, you know just what I’m here for
So you’re scared and you’re thinking that maybe we ain’t that young anymore
Show a little faith, there’s magic in the night
You ain’t a beauty but, hey, you’re alright
Oh, and that’s alright with me”

 

“A tela da porta bate, o vestido de Mary ondula
Como uma visão ela dança na varanda enquanto o rádio toca
Roy Orbinson canta pros solitários
“Ei, sou eu e eu quero somente você”
Não me mande novamente pra casa, eu apenas não posso me encarar sozinho de novo
Não corra pra dentro, querida, você sabe porque estou aqui
Então você está assustada e você está pensando que talvez não sejamos mais tão jovens
Mostre alguma fé, há mágica na noite
Você não é uma beldade, mas, ei, você é ok
E isto é ok pra mim”

 

 

 

Born to Run

Álbum: Born to Run

Ano de lançamento: 1975

 

Born to Run, música que dá nome ao disco, foi também o single que salvou a carreira de Springsteen, quando a música fez sucesso ele percebeu que tudo daria certo. Aqui temos uma música alucinante aliada a uma letra complexa sobre decadência e sonhos impossíveis, um poema maravilhoso sobre a derrocada do sonho americano, mas também da persistência das pessoas, que não desistem. Estamos falando aqui de uma da músicas mais importantes da história e que jamais decepciona.

“The highway’s jammed with broken heroes on a last chance power drive
Everybody’s out on the run tonight
But there’s no place left to hide
Together Wendy we can live with the sadness
I’ll love you with all the madness in my soul
H-Oh, Someday girl I don’t know when
We’re gonna get to that place
Where we really wanna go
And we’ll walk in the sun
But till then tramps like us
Baby we were born to run”

 

“As estradas estão cheias de heróis quebrados numa última viagem desesperada
Todo mundo está na rua hoje a noite
Mas não há lugar restante pra se esconder
Juntos, Wendy, nós podemos viver com a tristeza
Eu amarei você com toda a loucura da minha alma
Algum dia, garota, eu não sei quando,
Nós iremos chegar naquele lugar
Onde realmente queremos ir
E andaremos sob o sol
Mas até lá, vagabundos como nós,
Querida, nós nascemos pra fugir”

 

 

 

Badlands

Álbum: Darkness on the Edge of Town

Ano de lançamento: 1978

 

Em 1978, três anos depois, Bruce Springsteen lança o que podemos chamar de irmão gêmeo maligno de Born to Run. Em Darkness vemos aquela desilusão esperançosa do disco anterior se tornar algo raivoso e niilista. Bruce ficou impedido de gravar um novo disco por 3 anos por conta de um contrato com seu antigo empresário e isso fez com que ele desafogasse suas mágoas nas poderosas letras desse álbum (vejam que curioso, nessa época ficar 3 anos sem lançar um disco era algo bem ruim, hoje em dia alguns artistas ficam uma década sem lançar nada). Juntos Born to Run e Darkness on the Edge of Town formam a dupla mais poderosa de álbuns dos anos 70 e foi realmente difícil de escolher duas músicas desse disco. Optei começar pela música de abertura que mostra brilhantemente a raiva que Bruce sentia, Badlands. Se a frase final de Thunder Road (“Esta é uma cidade cheia de perdedores e eu vou cair fora daqui pra vencer”) definia o espírito de Born to Run, a frase “Você desperdiça sua vida esperando por um momento que simplesmente não aparece, bem, não perca seu tempo esperando” define totalmente Darkness on the Edge of Town.

 

“But there’s one thing I know for sure, girl,
I don’t give a damn
For the same old played out scenes,
Baby, I don’t give a damn
For just the in-betweens,
Honey, I want the heart, I want the soul,
I want control right now”

 

“Mas tem uma coisa que eu tenho certeza garota
Eu não ligo a mínima
Pras mesmas velhas cenas
Querida, eu não ligo a mínima
Pra quem fica em cima do muro,
Amor, eu quero o coração, eu quero a alma,
eu quero controle agora”

 

 

 

Racing in the Street

Álbum: Darkness on the Edge of Town

Ano de lançamento: 1978

 

Pra fechar essa década mágica Racing in the Street vem destruir nossos corações. Essa música é quase que uma continuação temática de Thunder Road. Se na canção anterior o protagonista se dirigia a letra toda a sua amada Mary, conclamando ela a fugir com ele e começar uma vida nova em outro lugar, aqui temos a vida de um cidadão comum, que trabalha em uma fábrica, é casado, vive uma vida de merda e descarrega toda a sua frustração correndo com seu carro (um clássico Chevy 69) nas ruas da cidade. Pra ele essas corridas são o que ainda dão sentido pra vida sofrida que ele leva, o que podemos comprovar com esse trecho da letra:

“Some guys they just give up living
And start dying little by little, piece by piece,
Some guys come home from work and wash up,
And go racin’ in the street”

 

“Alguns caras apenas desistem de viver
e começam a morrer pouco a pouco, pedaço por pedaço,
Alguns caras chegam em casa do trabalho e se lavam,
e vão correr nas ruas”

Ele deixa claro que só se sente vivo quando está no seu carro, porque ali é onde ele não é mais um qualquer, é onde ele tem liberdade. Este trecho mostra a ideia quase religiosa por trás:

 

“Tonight my baby and me, we’re gonna ride to the sea
And wash these sins off our hands”

 

“Hoje a noite meu amor e eu, nós vamos dirigir até o mar
e lavar esses pecados de nossas mãos”

 

 

 

Bonus Round

 

Bruce Springsteen é um músico maravilhoso, mas a poesia de suas letras torna tudo muito especial, recomendo que escutem as músicas acompanhando as letras com muita atenção. Pra quem não sabe inglês vou colocar quatro posts do blog Na Estrada ao Pôr-do-Sol, onde o autor fez excelentes traduções das letras de Born to Run (parte 1 e parte 2) e de Darkness on the Edge of Town (parte 1 e parte 2).

 

 

Bonus Round 2

 

Bruce e a E-Street Band são um show a parte ao vivo, então fiquem aqui com versões ao vivo dessas músicas que são de escutar chorando.

 

Rosalita

 

Thunder Road

 

Born to Run

 

Badlands

 

Racing in the Street

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Nerd: Arthur Malaspina

Arthur Malaspina é professor de português, nerd irrecuperável e humorista ocasional. Também não consegue se manter longe de discussões, seja na vida real, seja na internet. Tem opinião formada sobre praticamente tudo no mundo... mas não se preocupem, fica mais legal com o tempo. Co-proprietário do blog Han Atirou Primeiro (hanatirouprimeiro.blogspot.com.br). Twitter: @arthurskywalker

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