Caixa de Pássaros – E se um surto afetasse o mundo e abrir os olhos fosse um erro fatal?

Fala, galera, beleza? Espero que sim.

Hoje vim falar sobre um livro que há muito estava esquecido na minha estante (o porquê eu não sei), mas que decidi ler nesse fim de ano e me surpreendeu MUUUITO.

O livro é Caixa de Pássaros, romance de estreia do autor americano Josh Malerman, também vocalista da banda de rock The High Strung, publicado aqui pela editora Intrínseca em 2014. Sei que estou um pouquinho atrasada para falar sobre ele, mas acho que isso só reforça o quanto as pessoas que gostam de um bom livro precisam lê-lo.

Basta uma olhadela para desencadear um impulso violento e incontrolável que acabará em suicídio. Ninguém é imune e ninguém sabe o que provoca essa reação nas pessoas. Cinco anos depois do surto ter começado, restaram poucos sobreviventes, entre eles Malorie e dois filhos pequenos. Ela sonha em fugir para um local onde a família possa ficar em segurança, mas a viagem que tem pela frente é assustadora: uma decisão errada e eles morrerão.

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Na obra somos apresentados a um mundo onde há cinco anos um surto tem afetado as pessoas. Elas estão vendo algum tipo de criatura que as tornam violentas e as enlouquece, ou como alguns personagens chegam a sugerir, eleva a loucura já existente nos indivíduos que são afetados e os leva a cometer suicídio.

Os acontecimentos tem início isolado na Rússia, apesar da história se passar nos Estados Unidos, e são noticiados pela televisão, mas algumas pessoas não acreditam que eles possam significar algo, dizem não passar de uma bobagem de teor conspiratório. No entanto, quando esses se tornam mais frequentes e se espalham por todo o mundo, a sociedade entra em histeria e a maioria passa a deixar suas casas, além de adotarem o uso de vendas uma vez que não estejam mais sob a proteção do interior das mesmas.

Narrada em terceira pessoa, a história é contada do ponto de vista da jovem Malorie, uma das poucas sobreviventes, através de capítulos que se alteram constantemente entre o presente e o passado da personagem, nos dando detalhes de como sobreviveu durante os cinco anos, desde os primeiros surtos, até sua atual situação, viajando com duas crianças em busca de um lugar que acredita existir e ser seguro.

Achei que o recurso adotado pelo autor na composição dos capítulos tornou a história muito mais gostosa na hora da leitura, já que assim ele nos alimenta lentamente com as informações do que aconteceu, mas também não nos faz esperar para saber como está Malorie depois de anos vivendo em meio a loucura desse novo mundo e o que acontecerá em seguida, compondo assim um ciclo vicioso que não nos permite largar o livro, que a cada capítulo encerrado faz com que queiramos saber mais sobre o tempo que a história aborda.

Outro ponto impressionante é a forma como o autor faz muito com pouco. Você deve estar se perguntando: como assim? Malerman consegue criar, com simplicidade e sem sobrecarregar o livro de informações, uma tensão que eu nunca tinha sentido antes (pelo menos não que me lembre). Ele brinca com o nosso psicológico, trabalhando o medo humano do desconhecido, e não apenas por não compreendê-lo, mas também por não enxergá-lo. Você sente a necessidade de sobreviver, o medo de não saber o que está enfrentando ou do que está a espreita, e o quanto a mente dessas pessoas está exercendo uma pressão tão grande sob elas que, gradualmente, estão sucumbindo a loucura.

A construção dos personagens e de suas personalidades também é bem trabalhada, de modo que o comportamento adotado por eles seja bastante compreensível e condizente com a situação pela qual estão passando. Assim como acontece com a criação dada por Malorie à seus filhos e a forma como ela interage com eles, que para muitos pode parecer bastante calculada, passa a fazer sentido quando refletimos sobre a dificuldade de cuidar de crianças ao mesmo tempo em que as ensina a lutar pela própria sobrevivência.

O trabalho físico do livro também é ótimo, desde a capa, que se manteve a mesma da versão americana, até a diagramação, a legibilidade do texto e os desenhos presentes nas páginas.

Porém, o que mais chamou minha atenção em Caixa de Pássaros, dentre os livros do mesmo gênero que já li, foram as cenas onde nós leitores somos privados dos nossos olhos, onde temos acesso apenas às descrições das sensações e emoções, que sabemos o que há no ambiente, mas não exatamente como ele se parece. E o grand finale, que manteve o mesmo ritmo de todo o livro, sem aquela correria que vem acontecendo com frequência em thrillers e parece que as palavras foram jogadas nas últimas páginas. O autor consegue encerrar uma obra espetacular de modo a não comprometer toda sua premissa, o que resulta em um fim, mas não em uma conclusão e muito menos em respostas para todas as perguntas levantadas durante o desenvolver da trama. Afinal, não se sabe contra o que o mundo está lutando.

E você, já leu? O que achou? Deixe seu comentário!

Nota-do-crítico-5

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Nerd: Ana Giese

A louca com compulsão obsessiva em comprar livros e estudante de jornalismo! Que ama Harry Potter, se apaixona constantemente por personagens fictícios e passa 14 horas assistindo Netflix. Pelo menos sabe precisar de uma visitinha ou duas ao psicólogo!!

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