Clássicos Modernos 05 | Bastardos Inglórios

Classicos Modernos 5 - 02Falar bem dos filmes de Tarantino é algo meio clichê, pois ele é um dos diretores mais queridos por cinéfilos do mundo todo. Suas qualidades são variadas, tais como ritmo peculiar, filmes controversos, referências POPs, violência, diálogos interessantes e boas reviravoltas.

Muitas pessoas não conseguem compreender os filmes de Tarantino ou apreciá-lo da maneira correta, mas é unânime a criatividade desse roteirista, diretor e produtor. No seu currículo, temos vários clássicos modernos, mas, vamos citar um deles agora.

Bastardos Inglórios é um grande Jovem Clássico, que apenas poderia sair de uma mente criativa e de muita imaginação como a de Tarantino. Dessa vez, o cineasta explora um cenário até então não visitado em sua filmografia, a Segunda Guerra Mundial. E ele se permite inovar, tomar liberdades criativas e distorcer a história.

São abordados temas fortes como vingança e o holocausto, porém de forma magistral, sendo não só acessível, mas excitante e divertido, algo que poucos filmes de temas assim são capazes de proporcionar. Por mais que o cineasta explore mais uma vez, o tema vingança, isso não significa que seja apenas mais um filme do Tarantino, até por que, um filme de Tarantino nunca é apenas mais um. Aqui o contexto é bem diferente.

No contexto do filme, a França está ocupada pelos nazistas. São reunidos então um pelotão de soldados de origem judaica, com o objetivo de realizar uma missão suicida contra os alemães. O objetivo é matar o maior número de nazistas, da forma mais cruel possível. Paralelamente em outro núcleo temos o protagonismo feminino em busca de vingança pela morte da sua família quando ainda era criança.

Mestre em roteiros como Tarantino é, ele faz com que seu texto não tome direções para obviedades e se torne maçante, acrescentando um toque bem leve de boas piadas e tensão a cada quadro. Uma das qualidades únicas mais destacáveis do filme é que ele nos faz torcer pela vitória do sadismo vingativo, algo acredito eu, inédito ou pouco comum no cinema, talvez alguns se sintam até mal, por torcer involuntariamente por isso. Me refiro a retração de Tarantino para a morte de Adolph Hitler, segundo a história nos conta ele e seus comparsas acabaram cometendo suicídio quando viram que estavam arruinados.

Film Title: Inglourious BasterdsMas será que foi isso que realmente aconteceu? Afinal seu corpo nunca foi encontrado, e isso intriga a muitos, o diretor brinca com esse fato histórico nos mostrando uma morte muito mais “justa” para esse grande vilão da humanidade.

Os diálogos são longos, porem atingem níveis de inteligência muito altos, seguidos de cenas impactantes e violentas, elas estão presentes no filme e caracterizam a projeção como algo Tarantinesco, O diretor soube construir uma identidade cinematográfica como ninguém. O filme também nos lança um joguete de roteiro incrível, com o clímax e o anticlímax, por exemplo cenas fabulosas mal atingem seu auge e são cortadas abruptamente engrandecidas com a trilha sonora que mais uma vez se destaca, na filmografia do Diretor. É digno de nota, reconstrução impecável da época, a produção preza pelos detalhes mais reais de uma década passando pelo período de guerra, isso tudo com uma grande direção de fotografia para auxiliar.

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Brad Pitt atuando em um filme de Tarantino teve um resultado melhor do que esperava. Mesmo propositalmente muito caricato como o tenente do grupo de soldados judeus bastardos, Aldo Rayne, vai ficar para mim como uma de suas melhores atuações. Mas quem rouba a cena desde o primeiro momento do filme é o austríaco Christoph Waltz fazendo o papel do inquiridor Hans Landa, seu personagem cresce e ganha cada vez mais o protagonismo para si, a cada frame, e assim o quase que um estreante ator da Áustria, teve seu talento reconhecido, ganhando o mundo após esse trabalho.

Por que considerar bastardos Inglórios um Clássico Moderno? Por que primeiramente esse é nas palavras do diretor, por meio dos personagens e falas do filme, sua “Obra Prima”. Ele é ousado no tom adotado para contar a narrativa, desafiando a história com violência e sangue, nos mostrando uma outra versão para fatos históricos, melhor do que os reais, nos fazendo torcer por atos de maldade, por melhor pessoa que nos sejamos, confeitados com diálogos mentalmente arrebatadores.

Essa review era para ser um texto sobre Bastardos Inglórios, mas é quase um review sobre Tarantino. Talvez seja porque sua figura parece sempre mais célebre que os seus próprios filmes. Se esbalde em clássicos da filmografia do diretor, caso algum tenha passado despercebido de seus olhos. Breve consideraremos outros. Por que tudo que sai da mente desse Diretor, Produtor e Roteirista merece ser apreciado.

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Nerd: Julio Garcia

Design gráfico, fotógrafo, aspirante a escritor, DCnauta assumido, que tenta empregar no pequeno filho a DC e o equilíbrio da força, cinéfilo desde o dia mais claro e a noite mais escura, indo ao infinito e além nos universos que gosta.

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