Lenin – The Lion: Um tesouro na BGS

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A Brasil Game Show é o maior evento de games da América Latina e, como tal, não podem faltar stands das maiores empresas desse mercado na atualidade. Vimos Just Dance, PlayStation, X-Box, Nintendo (apesar de eles terem metido o pé do Brasil), HyperX e muitos outros.

Mas em um corredorzinho apertado entre uma área e outra, encontrava-se a área de games independentes e, honestamente foi o primeiro lugar para onde eu corri no meu primeiro dia, sexta feira (12), porque um dos meus objetivos era apoiar os desenvolvedores desse nosso Brasil, que tem crescido cada vez mais na área de games.

E foi ali, na Avenida Indie que encontrei Lenin – The Lion. O stand era pequeno, mas o estilo do desenho me chamou a atenção no meio da multidão e fui lá checar qual era a história dessa vez.

Lenin é um leão albino, o único de sua espécie, e por isso ele se sente inseguro e constantemente desencorajado. Na verdade, Lenin atende a todos os sintomas da depressão. Pior ainda, sua mãe não entende porque seu filho nasceu desse jeito, e a aldeia onde vive o despreza e o trata com crueldade

Parece familiar? De fato, o tema depressão já foi abordado diversas vezes e em diversas plataformas diferentes. E mesmo assim, o game não Lenin_the_lion_postperde o encanto; você sente o tema subjetivo através da paleta de cores mais apagadas, pela trilha sonora que toca baixinho ao fundo, pelos diálogos e, principalmente pela simplicidade com que tudo é representado.

Conversando um pouco com Lornyon, o desenvolvedor, ele me conta que se formou em História da Arte, e que todos os aspectos do game foram baseados em coisas que ele estudou durante sua vida acadêmica, inclusive o estilo da arte e as cores escolhidas.

Quando perguntado do porquê ter escolhido o tema depressão, ele responde: “Na verdade eu queria um temática um pouco mais subjetiva que permitisse uma criação artística um pouco mais presente no jogo.[…] Fui atrás de temas que estão em foco no século XXI e como a OMS [Organização Mundial da Saúde] destaca que a depressão vem crescendo entre jovens de 15 a 25 anos,  achei que podia ser um bom tópico”

Assim ele foi desenvolvendo o roteiro, lendo artigos da OMS, conversando com psicólogos, e lendo informações do CVV (Centro de Valorização da Vida) tendo o cuidado de retratar o tema de uma forma verdadeira.

Lornyon queria um personagem que gerasse empatia, para que o jogador se importasse o suficiente com Lenin para realmente pensar com o coração antes de tomar decisões. No fim, criou um fofo leão antropomorfo da cor branca, que é impossível de não gostar logo de cara. Curiosamente, o desenvolvedor me revelou que se inspirou em um personagem de Magic The Gathering  (que estava na BGS, inclusive) – o Ajani Juba D’Ouro, o qual também é um leão branco.

Os primeiros rascunhos do game vieram em fevereiro de 2017, através do Tumblr, onde ele usava a hashtag #RPGmaker, o que fez com que Lenin – The Lion ganhasse primeiro as atenções do público da América do Norte e Europa, principalmente pelo fato de esta plataforma específica não ser muito utilizada aqui no Brasil. “Mas depois que criei a página no Facebook e fiz a campanha no Catarse, o perfil do público mudou, e agora a maior parte é nacional”.

O game é simples e lembra muitos clássicos no estilo RPG, mas foi só conversar um pouco com o desenvolvedor que já pude ver que o jogo já foi reconhecido pelo BIG Festival, levando o prêmio de Melhor Jogo de Questões Sociais. Além disso, logo depois da BGS também acabou levando o prêmio de melhor jogo Indie pela GAMESPOT (best of #BGS2018)

E o Gameplay? É Bom?

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Quem já jogou Undertale sabe que em alguns momentos, é necessário ter uma certa habilidade para passar por alguns obstáculos.

Durante os quinze minutos da demo que joguei, não precisei de nenhum tipo de habilidade específica. Foi necessário apenas aprender os comandos básicos, como qualquer outro jogo. O início é constituído de exploração e diálogos com outros personagens da vila de Lenin, onde já é possível sentir como pode ser potencialmente difícil ler certas coisas se você se coloca na pele do leão albino.

Você tem a vila inteira para explorar e a sua mochila, onde pode acumular notas e pegar colecionáveis que, até onde pude jogar, incluem músicas da trilha sonora.

Em resumo, no início é tudo muito simples. Porém, as coisas podem ficar um pouco mais difíceis para o meio do jogo, quando você deve tomar decisões sobre querer tratar sua depressão ou não. Além disso, há também o modo de puzzles onde, aí sim, você precisará de um pouco mais de habilidade para ajudar Lenin!

Infelizmente, a demo que joguei só tinha quinze minutos, mas a oficial tem uma hora e meia! E você pode baixar aqui.

 

Nerd: Beatriz Napoli

Devoradora de livros, publicitária apaixonada, tem dois pés esquerdos e furtividade 0 para assaltar a geladeira de madrugada. Se apaixona por personagens fictícios com muita facilidade, mas não tem dinheiro para pagar o psiquiatra que obviamente precisa.

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