Manchester à Beira-Mar | Crítica

Nossas vidas são permeadas de altos e baixos; sonhos e pesadelos; felicidades e tragédias. Uma infinidade de acontecimentos que podem tanto ser bons quanto ruins. Mas o que nos define, é como reagimos e lidamos com tudo isso. Cada um lida de diferentes formas com cada coisa boa e ruim que lhe acontece. Mas às vezes algumas coisas são tão impactantes e profundas, difíceis que pode levar muito tempo para superar ou até mesmo não conseguimos lidar de jeito algum.

O filme Manchester à beira-mar nos mostra como é difícil ter que abrir antigas feridas e ser obrigado à lidar ao mesmo tempo com o doloroso passado e o complicado presente. Escrito e dirigido por Kenneth Lonergan, conta a participação de nomes como Casey Affleck (Lee Chandler), Ben O’Brien (Jovem Patrick), Lucas Hedges (Patrick), Kyle Chandler (Joe Chandler), C.J. Wilson (George), Michelle Williams (Randi Chandler), Gretchen Mol (Elise).

Manchester 01Lee Chandler se vê forçado a retornar à sua cidade natal Manchester pois seu irmão Joe morre e é preciso cuidar do seu sobrinho Patrick e ter que lidar com todas as coisas relacionadas ao enterro e funeral de Joe. Ele havia saído da cidade fazia alguns anos já e estava atualmente vivendo como zelador para um conjunto de prédios, mas desiludido com a vida, anti-social e extremamente infeliz.

Porém, é visível que é muito doloroso ele regressar à Manchester para cuidar de tudo o que envolve o passado. Havia deixado para trás família, amigos e uma esposa (Randi), da qual haviam se separado.

Manchester 05Fica nítido que ele não quer ter que lidar com tudo isso e tenta não se envolver muito, mas acaba não tendo opção. A relação com o sobrinho é muito complicada, pois além de tudo o que os dois tem que passar, ficaram sem contato por muito tempo. Se sentem mais como estranhos do que próximos (apesar de terem sido muito próximos quando o garoto era menor).

Conforme Lee começa a tentar cuidar de tudo, descobre-se que ele não é bem visto na cidade por algum motivo e que encontra muitas dificuldades para ficar por lá e interagir com as pessoas. A maioria das pessoas, o julgam sem realmente o conhecer, devido à algum incidente ocorrido no passado.  Quanto mais tempo passa ali, mais é evidente a sua dificuldade de se relacionar com as pessoas, de deixar que se aproximem dele e voltar a ter contato pessoal.

MBTS_3869.CR2Família, amigos e até mesmo a ex-esposa aparecem e algumas coisas são muito dolorosas para Lee. Apesar de notar que consegue fazer progresso em alguns aspectos, outros continuam não conseguem evoluir. O filme passa um clima bem pesado e ar triste, melancólico, lúgubre. Nem um pouco fácil de se lidar, pois mostra como a vida é difícil e complicada às vezes.  A relação com a ex esposa Randi é a que mais o machuca e a mais difícil de se lidar, principalmente porque ela seguiu em frente, casando-se novamente e agora com um bebê.

Apesar de algumas tentativas de fazerem com que ele socialize, não surte efeito e gera algumas situações constrangedoras e embaraçosas. Mas aos poucos, tanto Lee quando Patrick conseguem se aproximarem.

Gostei muito da interpretação dos personagens Lee e Patrick, conseguem transmitir muito bem essa sensação de familiar / estranho que os cerca. Trilha sonora e visual complementam muito bem para o clima passado pelo filme.

O filme é bem denso e com um clima bem pesado, portanto não recomendo ir assistir caso não esteja muito feliz (falo por experiência própria rs). Mas é muito bom e vale à pena assistir! Por precaução, tenha lenços por perto.

Nota-do-crítico-5

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Nerd: Guilherme Vares

Formado em Ciências da Computação e Pós em Jogos Digitais, aspirante à Game Designer, tendo Rpg e boardgames injetados diretamente na veia, adepto de jogos em geral e voraz consumidor de livros, séries e filmes.

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