#Manual do Amor-Próprio: Como encontrar e manter seu amor-próprio por perto

Sempre que um relacionamento meu acaba, depois do período de luto, faço as pazes comigo. Me descubro uma mulher autossuficiente, forte, que tem lá seus charmes. Vou conquistando, aos pouquinhos, o amor-próprio, relembro que dá, sim, pra ser feliz sozinha, e que isso é uma delícia. Torno-me minha companhia favorita, recupero meu valor, consigo fazer pouco caso das inseguranças e ansiedades e finamente planejo a melhor versão de mim mesma.

E aí… Aparece alguém. Alguém que se intriga com essa mulher bem-humorada e louquinha, e decide ficar por perto. E é aí, sempre nesse momento, que todo o amor próprio que eu demorei tanto para reunir começa a se desfazer – porque me amar já não importa, o que importa é que o outro me ame. Mas, dessa vez, recusei-me a continuar com esse ciclo vicioso que acaba sendo um dos fatores para os términos. Quando senti que minha insegurança estava batendo à porta, fui atrás de ajuda para mandá-la embora.

E o Manual do Amor-Próprio, de Mica Rocha, foi um dos recursos que encontrei. Encantei-me pelo livro assim que fiz uma curta pesquisa na internet, e fui atrás dele.

Por que nos sentimos tristes sem motivo? Por que brigamos tanto com o espelho? Por que não nos achamos bonitas “o suficiente”? Por que não conseguimos largar o trabalho com que não nos identificamos mais? Por que a vida do outro parece tão mais interessante do que a nossa? Por que a grama do vizinho é sempre mais verde? Em Manual do amor-próprio, Mica Rocha, autora de Manual da fossa e Amor(ex), aborda um tema presente na vida de muitas de nós: a baixa autoestima, ou falta de amor-próprio, que pode impactar em diversas áreas de nossa vida. Mica usa sua própria história como fio condutor para falar sobre assuntos delicados, como bullying, relacionamentos tóxicos, insatisfação com a vida profissional, e, com a ajuda de uma psicóloga, oferece ferramentas para que a leitora aprenda a se amar e, consequentemente, a ser mais feliz.

Sempre desdenhei livros de “autoajuda”, mas tenho criado cada vez mais interesse por eles, ainda mais quando vejo que propõem exercícios e interatividade com o leitor, para reforçar a reflexão. E é assim que o Manual funciona: Mica, a autora (que escreve deliciosamente bem, em tom de conversa que parece com os conselhos das melhores amigas), reúne suas experiências, seus pensamentos, seus exemplos de vida – e o de outras pessoas – e a palavra de sua mãe psicóloga para nos relembrar de que precisamos não apenas encontrar o amor-próprio, mas saber como mantê-lo sempre por perto.

Meu último término não foi muito traumático – tive a sorte de ter um ex bacana, não guardei mágoas, apenas certa tristeza por não ter dado certo e alguns arrependimentos por momentos em que eu podia ter feito escolhas melhores e agido de forma mais madura para evitar tanto descontentamento para ambas as partes. Mas toda essa aceitação só surgiu quando parei para pensar em mim, para dar lugar ao alívio, à chance de poder começar de novo – não somente com outra pessoa, mas comigo mesma. Me dar outra chance de me conhecer, de gostar de mim, de dar valor às minhas qualidades, minhas vontades, e aprender e melhorar com minhas falhas. É o clichê pra lá de batido, mas uma das maiores verdades do mundo: enquanto não sabemos como nos amar, não temos como amar outra pessoa.

Não queria perder tudo o que conquistei, a mulher que comecei a me tornar quando pude ser só minha, só porque estou em um novo relacionamento. E o Manual me ajudou muito a entender que posso conviver comigo e com o outro sem me desmerecer, e que o amor próprio não significa estar feliz e confiante o tempo todo, mas saber lidar com os momentos não tão bons. Encontrar alguém que tinha as mesmas inseguranças e dificuldades que eu e que tinha conselhos tão bons me deixou muito mais confiante e disposta a não deixar o amor-próprio escapar em prol do amor alheio.

Mas o livro não fala só de relacionamentos amorosos – essa é só uma das partes de nossa vida que influenciam e nossa autoestima. O Manual é dividido em 7 capítulos que falam sobre a felicidade e seus mitos, sobre o bullying e nossa necessidade de pertencer, sobre a busca pelos padrões de beleza, escolhas profissionais e o amor-próprio na era da internet. Além disso, a autora escreve uma introdução maravilhosa sobre o assunto, e termina o livro com uma conclusão que eu precisava demais – sobre como não perder o amor-próprio de vista.

Se você também está perdida, magoada, sentindo-se menos do que realmente é e não sabe por onde começar para juntas seus pedaços, dê uma chance ao Manual do Amor-Próprio. Com sua delicadeza, Mica te pegará pela mão e te guiará durante esse processo de autoconhecimento e confiança. Em um momento em que eu normalmente cederia, as palavras de Mica me mantiveram firme, me mantiveram apaixonada por mim, e me fizeram repensar em várias escolhas. Senti-me acolhida, entendida, representada e motivada. E esse é o poder não só do amor-próprio, mas do amor que devemos ter pelo próximo: incentivar umas às outras a não desistir de nós mesmas, por mais que o caminho pareça confuso e solitário.

Somos suficientes. Somos incríveis. Somos o que quisermos ser. Somos o grande amor de nossas próprias vidas.

Título: #Manual do Amor-Próprio

Autora: Mica Rocha

Editora: Benvirá

Ano: 2017

Páginas: 184

Faixa de Preço: 15,90 – 24,90

Nerd: Evelyn Trippo

I just have a lot of feelings, e urgência em expressá-los. Tradutora (formação e profissão), aspirante a escritora e estudante de projetos em games. Pára-raio de nerds, exploradora de prateleiras em sebos e uma orgulhosa crazy pet lady.

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