Menina de Ouro é um dos melhores e mais comoventes filmes do início dos anos 2000. Venceu 4 Oscar em 2005: Melhor Filme, Direção para Clint Eastwood, Atriz para Hillary Swank e Ator Coadjuvante para Morgan Freeman.
Todos os prêmios foram muito merecidos, principalmente se levarmos em conta que o outro favorito era O Aviador, filme mais acadêmico de Martin Scorsese.
Não é exagero nenhum dizer que Menina de Ouro seja um dos melhores filmes da grande carreira de Clint, o que não é um feito fácil, considerando sua filmografia com filmaços como Os Imperdoáveis e Gran Torino.
Menina de Ouro ainda foi um sucesso de bilheteria, impulsionado pelos prêmios: custou 30 milhões e faturou 216 nas bilheterias mundiais.
O filme é baseado nos contos de F.X. Toole, pseudônimo de Jerry Boyd e conta a história de Frankie Dunn (Clint), um amargurado e veterano treinador de boxe que tem dificuldade de aproximação com as pessoas, tendo como único amigo o também veterano ex-lutador de boxe, Scrap (Morgan Freeman).
Frankie está baixa na carreira e nem ele mais acredita em si próprio, mas tudo muda com a chegada de Maggie Fitzgerald (Hillary Swank), uma garçonete, que luta com seus próprios demônios pessoais e familiares e vê no boxe uma forma de mudar de vida.
De início, Frankie a rejeita e depois de muito relutar e com os conselhos do Scrap, ele acaba treinando-a. Maggie faz sucesso como boxeadora, consegue ter uma virada em sua vida, mas o destino infelizmente não havia sido generoso com ela.
As comparações com a franquia Rocky são inevitáveis e nem mesmo Clint ou o roteirista Paul Haggis (diretor de Crash – No Limite) esconderam isso.
Em ambos os casos, não estamos falando exatamente de um filem de boxe: as lutas são um pano de fundo para contar o drama pessoal e as lutas são, na verdade, metáforas a luta de todos nós.
Não é difícil se identificar com a história de Maggie ou de Frankie, pois almejar ascensão pessoal e profissional e seguir seu sonho é a realidade de milhares de pessoas ao redor do mundo. E viver amargurado depois de uma cerca idade após toda a surra que a vida já te deu (olha a metáfora com Rocky novamente) também é a realidade de muitos.
E o filme tem momentos preciosos, que vão intercalando entre a razão e a emoção: as lutas são muito bem coreografadas e o filme apresenta uma montagem e direção de fotografia competentes, mas é difícil segurar as lágrimas quando, por exemplo, conhecemos a história da Maggie, seu trabalho, família e seus dilemas.
Isso sem contar seu inesquecível 3º ato e que já se tornou clássico do cinema.
Clint acerta o tom em seu filme e aqui realiza um de seus melhores trabalhos, tanto na direção, quanto na atuação, convencendo como um homem que já apanhou muito da vida, mas que vê a chance de redenção na figura de Maggie.
E Hillary Swank faz o melhor papel de sua carreira. Ela que já havia surpreendido a todos com sua performance em Meninos Não Choram (também premiada com Oscar) como Teena Brandon e aqui chegou ao seu auge no cinema – e por onde anda essa menina hoje em dia?
Reparem também no filme a presença de Anthony Mackie, Michael Peña e Mike Colter como lutadores em ascensão, hoje no Universo Marvel.
Menina de Ouro é uma pequena preciosidade do cinema, não é à toa que tenha se tornado um jovem clássico, amado por muitos e que permanece sendo lembrando nos dias de hoje. Para ver ou rever!