O Estúdio Ghibli hoje está consolidado como um dos principais produtores da animação mundial e que está na estrada há décadas.
Para o público ocidental, o reconhecimento chegou tarde, na verdade, após o merecido Oscar de A Viagem de Chihiro em 2003, contra pesos pesados como A Era do Gelo ou Lilo & Stitch.
Mas, antes tarde do que nunca (e também com a ascensão da internet banda larga) o público descobriu outras grandes animações japonesas e se destacam, dentre outras coisas, como algo diferente do que vemos por aqui, sobretudo com as animações da Disney: não há estereótipos ou números musicais, a ideia aqui é mostrar a natureza humana como ela é em produtos não necessariamente para crianças.
E dentre outras obras-primas do estúdio, não há dúvidas de que Túmulo dos Vagalumes se destaque como um dos melhores filmes do estúdio e considerada uma das melhores animações da história – dos anos 80 não há dúvida.
O ano era 1988 e as animações para o cinema estavam em baixa. A Pequena Sereia, filme que marcou a retomada da Disney, só viria no ano seguinte, em 1989, mas nada como as animações orientais para mudar este cenário: além de Túmulo dos Vagalumes, 88 também foi o ano de Akira e Meu Amigo Totoro.
Túmulo dos Vagalumes se passa no Japão, no final da Segunda Guerra Mundial, em 1945. O país já estava devastado pela guerra e a vitória dos aliados era só uma questão de tempo. Neste cenário, temos os irmãos Seita e Setsuko, que perderam a mãe em um ataque aéreo e houve a necessidade de cuidarem um do outro.
Quem dirige é Isao Takahata, um dos principais nomes do Studio Ghibli, ao lado de Hayao Miyazaki. Aqui a guerra em si nem é o foco, mas a relação entre irmãos e Túmulo dos Vagalumes se mostra como um dos filmes mais humanos e verdadeiros quanto a isso.
Há momentos sublimes e de encher os olhos, sobretudo no segundo ato, mas é difícil segurar as lágrimas do início ao fim, aliás, o final do filme é considerado um dos mais tristes da história do cinema.
Dizem que a guerra é contada pelos vencedores, o que pode ser verdade para a vida real. Já para o mundo do cinema (e até das séries também) isso não se aplica. Há grandes filmes sobre o lado perdedor de uma guerra, basta ver os grandes filmes sobre o Vietnã, como Apocalypse Now ou Nascido em Quatro de Julho, ou ainda Cartas de Ivo Jima, de Clint Eastwood, que mostrou o lado japonês da Segunda Guerra.
E aqui Takahata usou a derrota da guerra como pano de fundo para mostrar a verdadeira guerra ali com os dois irmãos pela sobrevivência e convivência. E o resultado é uma das melhores animações da história e uma amostra de que o Estúdio Ghibli dificilmente erra em suas escolhas – e que continue assim.
Seria exagero chamar Túmulo dos Vagalumes de obra-prima?