Uma Secretária de Futuro é uma das melhores e mais premiadas comédias dos anos 80. Revê-lo é sempre puro deleite e este é um dos filmes que mais envelheceu bem, sobretudo pela sua temática.
Em tempos de debates sobre empoderamento feminino e do lugar da mulher na sociedade, Uma Secretária de Futuro se torna o filme certo e no lugar certo. Nem parece que já se passaram 30 anos de seu lançamento.
O filme conta a história de Tess McGill (Melanie Griffith, ótima no papel!), que vive no subúrbio, tem jornada dupla entre trabalho e estudos, um namorado machista e um chefe mais preocupado em leva-la à cama, vivido por Kevin Spacey (sim, o próprio!), mas ela tem a chance de crescer quando encontra um novo emprego, na qual tem que trabalhar para Katherine Parker (Sigourney Weaver), uma mulher tão fascinante quanto ambiciosa.
Em um belo dia, Katherine vai esquiar, mas quebra a perna e tem que ficar uns dias afastada, deixando Tess cuidando de sua casa.
Mas Tess descobre que Katherine roubou sua ideia como se fosse sua e assume seu lugar de liderança na empresa. É a sua chance de brilhar e se junta a Jack Trainer (Harrison Ford) para fechar o negócio.
O filme é um perfeito retrato da luta da mulher no mercado de trabalho e muito à frente de seu tempo. Nada do que o saudoso diretor Mike Nichols não estivesse acostumado, pois ele já havia provocado seu público lá nos anos 60 com Quem Tem Medo de Virginia Woolf? e A Primeira Noite de um Homem, e nos anos 2000 com o excelente Closer – Perto Demais.
Nichols mostra o mundo dos negócios e das corporações de forma cínica e não menos cômica. Nada do que o grande público não havia visto em Wall Street, com Michael Douglas, mas agora, sob o ponto de vista feminino.
E se tinha uma coisa que ele fazia com primor era uma excelente direção de atores e atrizes. Mesmo aqueles considerados medianos, Mike Nichols conseguia extrair o melhor de seu elenco.
Melanie Griffith aqui faz, de longe, seu melhor papel de sua carreira. Se o filme funciona, também é por conta dela. Aqui ela transmite a ternura, sensibilidade, mas esperteza que sua personagem exigia. E o resultado foi uma Tess maravilhosa e uma indicação ao Oscar (que mereceu perder para Jodie Foster por Acusados, outro grande filme à frente do seu tempo sobre a temática feminista).
Sigourney Weaver e Joan Cusack foram indicadas ao Oscar de Atriz Coadjuvante, mas perderam para Geena Davis por O Turista Acidental, uma das maiores zebras da história do Oscar.
A Katherine de Sigourney, que claramente inspirou a personagem de Meryl Streep em O Diabo Veste Prada, faz uma típica pessoa dos negócios, independentemente do gênero: esperta, sedutora, interesseira e sem limites. Já Joan Cusack é a melhor amiga de Melanie e, de certa forma, o alívio cômico do filme.
Uma Secretária de Futuro ganha muito com esses personagens.
O ponto fraco do filme é justamente o personagem de Harrison Ford. Além de o ator só fazer caras e bocas e pose de Han Solo (sério!), esta foi uma pequena falha no roteiro de Kevin Wade e na direção ousada de Mike Nichols: fazer com que Katherine e Tess dependam dele para progredir.
Provavelmente isso não seria aceito nos dias de hoje.
Uma Secretária de Futuro venceu, merecidamente, o Oscar de Melhor Canção para a música Let the River Run, além de ter sido indicado para filme e direção.
É uma comédia para ver e rever e além da temática do empoderamento, por que não a encaixar na categoria dos filmes de superação?
