O Grande Fora da Lei: A Origem do GTA | Resenha

”Se você quer ver seu filho se tornar um anarquista violento, esse jogo é um ótimo treinamento. — Mary Lou Dickerson, representante legislativa democrata.

 

Existem algumas coisas que permeiam o inconsciente popular de uma forma tão intrínseca que qualquer um reconhece algo, seja por uma imagem, fala ou nome. Qualquer um reconhece Darth Vader, a imagem do Homem-Aranha e todo mundo conhece Grand Theft Auto, ou para os mais íntimos, GTA.

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GTA para caso você tenha nascido em 1980 e acordou de um coma agora, é uma franquia de ação e aventura desenvolvida pela Rockstar Games cujo grande objetivo é fazer o que bem entender, principalmente se envolver chacinas de pessoas randômicas na rua à roubo de carros, oferecendo ao jogador uma liberdade de agir dentro do mundinho que a empresa criou de forma autônoma e extremamente audaciosa, mas para se entender porque Grand Theft Auto nasceu, cresceu e se tornou um ícone para toda uma geração de jogadores e não-jogadores, é fundamental entender e conhecer duas pessoas distintas, cada uma construindo a fama de GTA para bem e para mal, que são Sam Houser (Fundador da Rockstar e um dos criadores da franquia) e Jack Thompson (Ativista anti-GTA), cabendo ao livro ‘’O Grande Fora a Lei’’ escrito por David Kushner e publicado no Brasil pelo selo da Darkside Books, contar como a franquia se desenvolveu e trilhou seus caminhos nada éticos, mas ouso dizer que o livro não se trata de GTA e sim, da própria Rockstar como empresa.

Contando um tanto por cima da origem de Sam Houser, desde sua infância como filho de dois astros britânicos, focando em sua paixão pela Def Jam (Responsável por revelar cantores do hip hop como Run-DMC, Beastie Boys e por incrível que pareça, a banda thrash Slayer) e da própria origem de Jack Thompson, contando principalmente sobre sua ‘’descoberta’’ como ‘’crítico’’ da cultura, inspirado no caso de Cop Killer, música de Ice-T que critica a ação violenta da policia de Los Angeles, principalmente na época dos distúrbios em 1992. David deteve o cuidado de explorar com calma suas duas figuras principais e como cada um aparentava estar ‘’destinado’’ a se confrontar.

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Com escrita fácil e recheada de ironia, o autor conta como Sam acabou se envolvendo com a BMG Interactive e tornou a premissa de um jogo sobre policia e ladrão, Race ‘n’ Chase, para um jogo onde você era o bad guy passando por cima de Hare Krishna e recebendo um ‘’Gouranga!’’ em resposta, acima de tudo, em como os funcionários ao redor de Sam foram evoluindo com a premissa da Rockstar de ser um estilo de vida, que seus programadores não eram meros ‘‘nerds trancado em seus porões’’ e sim, arroz de festa com bastantes bebidas, strippers e bolinhas de queijo, e também descreve como Jack cada vez mais levava produtores de games a bancos de réu, impulsionado pela hipocrisia americana e a onda conservadora da época Bush pós-Columbine (Massacre realizado em 1999 por Eric Harris e Dylan Klebold), onde havia uma necessidade para justificar a violência inerente cada vez mais aflorada em jovens, mas cabe aqui a dizer, David soube quando defender a Rockstar dentro dos relatos e quando era hora de apontar seus defeitos.

Relatando com primor o caso Hot Coffee, uma polêmica envolvendo um mini-game de sexo explícito, cada vez mais os defeitos da Rockstar enquanto companhia é evidenciada, deixando a cargo de Doug Lowenstein (Sabe esse cara? Acenda uma vela pra esse cara toda noite) que desde a criação da ESRB (Órgão governamental que regulariza a distribuição de games e cria a faixa etária do mesmo) até 2007, defender as empresas de uma possível censura e sua falta de proteção da Primeira Emenda (Direito de livre expressão de qualquer pessoa ou empresa, principalmente artistas e arte) que marcou profundamente o mercado e a indústria. Nessa parte do livro, David deixa claro o quão omisso Sam e sua companhia foi durante toda essa discussão, deixando a cargo de Doug, fazer todas as movimentações políticas para a proteção de todas as desenvolvedoras em relação ao seu produto e particularmente, é o motivo essencial do livro vir a existir, é contar através de uma das maiores desenvolvedoras de games como o mercado cresceu através de GTA e hoje se alcançou o nível onde essa arte é protegida por lei, em como a ESRB conseguiu se adaptar ao caso [Hot Coffee] e retomou sua credibilidade.

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O Grande Fora da Lei: A Origem de GTA é um livro sobre a indústria dos jogos visto sob a ótica da Rockstar, não só isso, é a narrativa verdadeira de uma empresa que merece respeito e mesmo que seja um sinônimo de qualidade, tem falhas profundas em sua criação e em Houser, não deixando de prestar respeito à franquia que iniciou tantos a jogar, consumir e falar sobre. Obrigado Darkside por trazer esse material ao público!

PS: Oi Darkside, se você estiver lendo, por favor, tá na hora de publicar Masters of Doom que também é do David Kushner, beijos. <3

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Nerd: André Arrais

Pseudo-Cult, apreciador de café, ama quadrinhos como ninguém, rato de biblioteca, gamer casual, não sabendo tirar selfie desde sempre e andando na contra mão dos gosto populares. Finge é cheio de testosterona, mas vive rodeado de gatos. Esse é o meu design.

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