Punho de Ferro | Review

Depois de algum tempo de espera e ansiedade após o anúncio finalmente Punho de Ferro, série original da Netflix está entre nós. Com a sequência dos sucessos Demolidor, Jessica Jones e Luke Cage, a série do último defensor era esperada com expectativas altas por parte dos fãs.

Quinze anos depois de ter sido dado como morto, Danny Rand ressurge. Com a força do Punho de Ferro, ele espera recuperar seu passado e cumprir seu destino.

Os espectadores dos filmes e séries de super-heróis estão anestesiados em relação as histórias de origem que são repetidas a cada três anos, vide Homem Aranha e Quarteto Fantástico.

Mas quando a origem foi mal contada, caso do Demolidor ou quando nunca foi contada, exemplo Jessica Jones e Luke Cage essa origem é aguardada pelos fãs e geralmente sucede uma boa série que nos deixa ligados querendo saber de onde veio e o que vai acontecer com determinado personagem que já conhecemos de outras mídias ou ouvimos falar.

Infelizmente não é esse o caso de Punho de Ferro. A série é cansativa e arrastada. Possui um arco dramático extremamente fraco e desperdiça tempo de tela com elementos que facilmente poderiam ser simplificados ou eliminados e ninguém iria sentir falta. Por consequência do tempo malgasto, fatores essenciais deixam de ser apresentados e fragilizam o enredo da história.

Os personagens da série são bem construídos. Tem personalidade e fundamentação, mas por estarem inseridos em um roteiro que não sabe ao certo que tom precisa assumir acabam por se perderem dentro dos treze episódios. Finn Jones se esforça, mas seu Danny Rand em vários momentos se monstra confuso e incerto. As personagens de Jessica Henwick (Colleen Wing) e Rosario Dawson (Claire Temple) são interessantes e mostram uma dinâmica curiosa e pertinente com Danny Rand.

punhodeferro01

A ação é moderada e quando chega de verdade passa bem rápido. A série entrega boas sequências, mas nenhuma tão marcante e bem coreografada como a memorável cena de Demolidor em que ele luta com criminosos em um corredor para salvar uma criança na primeira temporada da série por exemplo.

Sentimos falta de todo o misticismo de K’un-Lun e de realmente ver a cidade paraíso na série. Por mais que em todo o tempo ela seja mencionada nunca realmente estivemos lá com o personagem. Os cortes mostrando a infância e o treinamento de Danny são insuficientes para satisfazer a necessidade do espectador e para entender como foi para o personagem crescer e vencer suas dificuldades sendo um estrangeiro em outra dimensão.

Os aspectos de luta são falhos em reproduzir o que vimos no decorrer de nossa infância nos filmes do Bruce Lee, Jet Li e Jack Chan. O Kung Fu de Punho de Ferro não convence por não ser marcado e tão perceptível quanto o estilo principal no qual o personagem foi inspirado, além disso se não fosse pelo punho brilhante e alguns escassos posicionamentos de mão, as lutas seriam basicamente uma repetição do que já vimos em Demolidor.

punhodeferro02

Me arriscaria dizer que o maior erro de Punho de Ferro foi em não decidir que tom iria seguir e acabar por aplicar um sombrio e realista que casa muito bem com as séries dos outros Defensores, mas que aqui fica deslocado por não ser suficiente para contar a história de um garoto traumatizado criado por monges guerreiros para enfrentar um inimigo perigoso e mortal.

Por falar em inimigo, a grande ameaça da temporada não se prova tão cruel e perigosa assim. Na verdade, a constante mudança de figuras no papel de vilão fez com que a inconsistência fosse uma característica presente desde o primeiro até o último episódio, sendo que o espectador não tivesse a oportunidade de se apegar a um vilão para odiar.

A salada de bons personagens jogada em um terreno íngreme e tortuoso faz com que o espectador não consiga criar empatia e realmente se apegar a nenhum deles. Sempre que esse momento de identificação ou apego estava prestes a acontecer, os acontecimentos tomavam um rumo diferente e distanciava o espectador dos personagens.

punhodeferro03

Estar dentro de um universo muitas vezes se prova um obstáculo para séries que se perdem dentro de um tom que se encaixam perfeitamente em outras produções, mas que naquele caso em específico não é a melhor maneira de contar a história. A melhor coisa do universo em si é que cada estrela tem sua forma e especificidade e juntas todas elas o compõem e se o erro de aplicar um mesmo tom para tudo sem que haja atenção aos detalhes de cada história dentro dos universos compartilhados no audiovisual corremos o risco de consumir séries e filmes iguais em embalagens (títulos) diferentes.

Não esqueça de se inscrever na nossa Mail List colocando seu e-mail abaixo!

Nerd: Gabryel Oliveira

Share This Post On