A grande diferença entre a primeira e a segunda temporada de Sense8 era a expectativa. Em 2015, quando a série estreou, ninguém esperava o que seria e não demorou muito para se tornar um fenômeno. Essa questão da expectativa também pode ser um problema para quando estrear a nova temporada de Stranger Things e 13 Reasons Why e é esperar para ver.
Uma das coisas que ficaram marcadas na temporada anterior foi o valor emocional de seus personagens e era impossível não se identificar com pelo menos um deles, sem contar a temática ousada e diferente de sua trama: agradeça por existir Netflix, pois esta série nunca seria exibida em um canal tradicional.
Esta segunda temporada veio com a promessa de responder algumas questões levantadas na primeira e manter a qualidade. A boa notícia é que conseguiu: esta segunda temporada mantém o nível da primeira, embora o foco seja um pouco diferente; é maior na origem dos sensates e na ciência deles.
Há mais respostas do que na temporada anterior, embora nem tudo seja respondido, deixando um gancho para uma terceira temporada – que pode ser a última!
Após o ótimo Especial de Natal – que também pertence a esta nova temporada – os personagens devem conviver com alguns dilemas: Sun 
ainda está presa e seu irmão quer eliminá-la a todo custo, Lito tenta reconstruir a sua carreira após o mundo saber de sua sexualidade, Capheus, ou “Van Damn” segue sua luta para dar uma vida melhor à sua mãe, Nomi ainda é uma foragida da polícia, tem sua Amanita como grande ajuda, assim como o também o hacker Bug, que foi um grande acerto por aqui.
Quase todos os personagens sofrem reviravoltas e já começaram a soltar alguns spoilers nas redes sociais, seja em forma de memes ou de forma direta, mas há muita gente entregando momentos-chave desta temporada e isso acaba estragando a imersão de quem ainda não conseguiu ver os novos episódios. Quem puder não dar spoilers – ou fugir deles – terá uma experiência melhor por aqui.
Riley e Will são o elo mais fraco aqui e suas histórias praticamente ficam na mesma: ela passa a temporada inteira quase sem acrescentar muito na trama dos sensates e, praticamente, cuida de Will o tempo todo. Já ele continua com seus pesadelos e alucinações com o Sussurros, que claramente evoluiu de uma temporada para outra. A química entre Will e Riley é inegável, mas são o elo mais fraco.
Até mesmo Kala, que muitos criticaram na temporada anterior porque seu arco foi o menos explorado na série tem uma participação relevante aqui – sobretudo por seus momentos com Wolfgang.
A fotografia e a montagem de Sense8 continuam impecáveis, a série não economizou em locações reais e isso explica o grande tempo entre uma temporada e outra – a 3ª só viria em 2019 – filmar é difícil, mas a pós-produção é tão difícil quanto.
A cena filmada no Brasil – durante a parada gay em 2016 – é muito boa, relevante e impactante, apesar de curta. O personagem Lito coloca todo o seu coração no evento. Para quem estava lá, foi uma cena filmada sim, mas que muitos se identificaram pela sinceridade e grito de liberdade do momento e do contexto.
Aliás, Sense8 é um grande grito e uma sensação de que todos nós temos voz, independentemente da ideologia, crença, origem ou raça, todos nós temos direitos e deveres em uma sociedade separatista. Foi a forma das irmãs Wachowski encontrarem seu espaço no mundo multimídia e não houve forma melhor de muitos se sentirem representados em tela.
De quantas séries podemos dizer o mesmo?
Nota: 9
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