The Get Down segue com qualidade, mas o futuro é incerto

Há um pouco de receio sobre o futuro de The Get Down, já que é a série mais cara da Netflix e o serviço de streaming não teve o retorno esperado. É também o caso de The Crown, outra série do serviço que é quase tão cara quanto, mas que apesar de não ter sido um sucesso de público, foi bem nas premiações, ganhando o prêmio de Melhor Série Dramática e Melhor Atriz no Globo de Ouro.

Mas essa é uma discussão para os acionistas da Netflix porque nada disso tira o mérito da série. The Get Down é mais uma ótima série original Netflix, e ela acerta sobretudo, em seu contexto histórico, na parte técnica e nos números musicais.

Nada que seja uma novidade para seu criador, Baz Luhrmann, diretor do já clássico Moulin Rouge – Amor em Vermelho e embora seus últimos filmes não tenham sido bem sucedidos, tanto artisticamente quando financeiramente, como Austrália e O Grande Gatsby, foi na TV que ele viu uma chance de voltar a brilhar.

Não que isso seja novidade para a Netflix, que já resgatou a carreira decadente das irmãs Wachowski com Sense8, que também é série original do serviço.

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The Get Down se passa no final da década de 70, no auge da Disco Music e no surgimento do Hip Hop no Bronx e mostrando a realidade do local, com pobreza, violência, racismo e os jovens veem na música uma forma de libertação.

É justamente o que acontece com o nosso protagonista, Ezekiel (Justice Smith – ótimo no papel), mas ele é um jovem que adora escrever e usa seu dom com as palavras para compor as músicas de sua recém formada banda, Get Down Brothers.

A primeira parte se passou em 1977 e já esta segunda se passa um ano depois, em 1978, com a banda formada, mas há um dilema interessante do protagonista, que é a dúvida e as pressões de seguir os sonhos ou a carreira. Ele pode entrar em uma boa faculdade, mas seu coração quer o mundo da música. O que fazer? Se a família, amigos, namorada e sociedade estão contra você?

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Aliás sua “namorada” tem muito mais destaque nesta segunda parte: Mylene, vivida pela ótima Herizen F. Guardiola tem o sonho de ser cantora. Talento para isso ela tem, já que sua voz é incrível e isso abre os olhos dos olheiros e empresários do mundo da música. Este sempre foi o seu sonho, desde a primeira parte da série, mas tem que lidar com a pressão e interesses dos poderosos do mundo da música, mas, pior ainda, de seu pai rigoroso, Ramon, muito bem interpretado por Giancarlo Esposito (o Gus de Breaking Bad).

Ele é o grande retrato da intolerância religiosa: é um pastor fervoroso, mas que não permite que sua filha faça coisas que não sejam para mulheres “de família” e seu personagem é um grande paradoxo, pois ao passo que Ramon seja um homem admirado e respeitado, é machista ao extremo, porém, não deixa de ser interesseiro: se ele proibia sua filha de sair de casa ou de cantar e dançar, agora que ela é uma aspirante a estrela, ele usa isso em benefício próprio.

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Nota-se o grande valor de produção em The Get Down, sobretudo na excelente Direção de Arte e reconstituição da época: aquele Bronx retratado na série praticamente não existe mais e foi trocado pelos arranha-céus, então a equipe teve que montar um cenário quase do zero e o resultado é tão convincente que parece que somos transportados aos anos 70, com toda a sua cultura e costumes, mas não apenas a direção de arte, mas o figurino, os trejeitos e as músicas não perdem para a produção de filme nenhum recente.

A Netflix usou um bom recurso para contar sua história real, que foi o de usar imagens reais intercaladas com a trama da série. Isso dá mais vida à série e credibilidade com o que se vê em tela. Esse recurso também foi muito usado em Narcos e The Crown, ambos bem sucedidos.

Mas se a primeira parte de The Get Down não teve o retorno esperado, esta segunda tentou driblar isso trocando a série real por pequenos trechos de animações. Isso pode parecer engenhoso de início, mas que se torna repetitivo, tira o foco do espectador, ocorrendo três ou quatro vezes por episódio.

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Nada disso, obviamente, tira o brilho da série, mas não dá para ignorar tudo isso.

A Netflix ainda não confirmou possíveis novas temporadas e embora esta temporada tenha terminado de forma fechada, também abriu espaço para mais histórias, que até sabemos como vai terminar, mas o que vale mais é a jornada.

Nada mais surreal do que a história real.

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Nerd: Raphael Brito

Não importa se o filme, série, game, livro e hq são clássicos ou lançamentos, o que importa é apreciá-los. Todas as formas de cultura são válidas e um eterno apaixonado pela cultura pop.

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