Uma Vida Perfeita é Uma Mentira Perfeita

Que grande obra prima da HBO. Baseado em um livro homônimo da australiana Liane Moriaty, Big Little Lies discute questões importantíssimas sobre violência e relacionamentos em uma série limitada em sete episódios que vale a pena cada minuto.

Em Monterey, na Califórnia, um assassinato durante um evento da escola local expõe a rivalidade existente entre as mães de alguns alunos. Ao que parece, a chegada de uma jovem e seu filho ao grupo provocou algumas rusgas e causou problemas.

A série conta as histórias de Jane Chapman, Madeline Mackenzie, Celeste Wright, suas crianças e relacionamentos. Jane é um jovem mãe recém-chegada a Monterey e conhece Madeline e Celeste a partir das mães dos colegas de classe de seu filho Ziggy no dia da orientação das crianças a respeito do começo no primeiro ano do colégio. Nesse dia, um acidente acontece entre as crianças e Amabella, filha de Renata Kelin, sobre bullying e Ziggy é acusado como o agressor. E a partir desse momento os conflitos ganham vida dentro da narrativa.

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Não vou ser o cara chato que diz que o livro é melhor que a série. E nesse caso não seria necessário se fosse realizado um comparativo entre ambos. Alterações foram feitas na história original, o que tornou a adaptação mais instigante para quem leu o livro e assistiu a série. Ambos possuem uma história muito boa. Muitos fatos são similares ou iguais, mas várias coisas também são distintas.

Uma adaptação, mesmo que não seja fiel totalmente ao conteúdo original em que foi inspirado, desde que bem-feita, é sempre agradável. E caramba, como a HBO acertou a mão nessa produção. Big Little Lies é boa em todos os aspectos.

Primeiramente, devo destacar a maravilhosa fotografia da série. É impossível não se impressionar com o tratamento dado às imagens e ao mundo onde os personagens habitam. Os quadros, planos e ângulos são interessantes e funcionam como um auxílio na hora de contar a história e passar as emoções que os personagens estão vivendo.

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Tenho que ressaltar o quão incrível é a montagem. O recurso narrativo escolhido para contar a história foi os flashbacks e flashfowards e é bem impressionante ver como os fatos são narrados a partir dessa lógica. Algumas cenas são intercaladas com planos mostrando o oceano ou outras situações que funcionam como uma metáfora sensacional para os momentos que os personagens estão passando. A série é um espetáculo visual. Todos os episódios foram dirigidos por Jean-Marc Vallée, conhecido pelos filmes Livre (que também trazia Reese Whiterspoon como protagonista) e Clube de Compras Dallas

Igualmente importante, o desenho de som de Big Little Lies assume um papel de importância ao narrar a história. A trilha sonora, os silêncios e a linguagem sonora causam no expectador sensações e se encontra em consonância com o que está sendo mostrado do ponto de vista visual.

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O roteiro da série é impecável. É bom ver que os roteiristas não se prenderam estritamente no conteúdo original. Nota-se que eles tiveram liberdade criativa para contar a história e é muito bom quando isso é feito da maneira correta. Uma história precisava ser contada e eles puderam dar sua visão e criar em cima do material, o que fez com que a série assumisse outros recortes e situações que o livro não trouxe. Perceber como no final todos os fatos estão conectados e que não ficam pontas soltas é reconfortante devido ao histórico de adaptações medianas ou ruim que vimos nos cinemas e na televisão nos últimos anos.

Os personagens da série são coerentes e bem construídos. As protagonistas assumem um papel interessante ao mostrar vários pontos a serem refletidos a respeito de educação, maternidade e relacionamentos. Big Little Lies discute temas densos e que criam vida devido a grande entrega do elenco, principalmente das atrizes. Alguns episódios são pesados e fazem com que você pare, pense e sinta a dor de um personagem. Você se coloca no lugar e vê que as coisas não são tão simples como imaginamos quando olhamos um relacionamento por fora.

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Nicole Kidman está excelente como Celeste com uma atuação verossímil e honesta. Reese Witherspoon representa Madeline exatamente como ela é descrita no livro, esfuziante, engajada e intensa. Shailene Woodley está muito bem no papel, ela ilustra de maneira realista e honesta os sentimentos e inseguranças da personagem. Todo o elenco é competente e ajuda a série a chegar no ponto que podia atingir (e atingiu).

Com uma temática relevante e conflitos complexos, Big Little Lies chega como uma das melhores produções do ano. As personagens, o roteiro, a trilha sonora e o show visual fazem com que o espectador se insira naquele universo e não queira parar até que todos os fatos sejam revelados. Fico muito feliz que finalmente produções como essa estão sendo realizadas e dando voz a discussões que precisam ser feitas urgentemente. Vale muito a pena assistir e discutir.

Nota-do-crítico-5

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Nerd: Gabryel Oliveira

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